Eduardo Rosal

Sobre o livro

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O poema de Eduardo Rosal, aqui em O sol vinha descalço,  fez a opção da verticalidade. Com isso eliminou ou reduziu a distância que separa poetar e pensar, e gerou novos espaços nos quais os objetos podem tornar-se sujeitos, como que inesperadamente. Descoisificar, ou transcoisificar, se apresenta como indicação prioritária da tensa e intensa poética. E tudo sob os auspícios do “o sal-sol do mundo”. Mas o poeta evitou sabiamente calçar ou permeabilizar o sol. Quis simplesmente compreender porque “vinha descalço”, e se deixava tensionar entre “abismo e ponte”.

O sol é o contrário do silêncio. Mas aqui eles se dão as mãos, e é possível surpreender, sem nenhum esforço inútil, “o coração adivinhando o sol”. A densidade existencial, os passos ou as braçadas, o uso oportuno do “anzol das palavras” traz para perto de nós os passos arriscados de homens e coisas. A percepção aguda, mobilizadora, e nem por isso menos silenciosa, registra gestos partidos, afirmações deliberadamente inconclusas, marcas de pés descalços.

Percebe “que todo poema é frágil”, no âmbito de uma economia performática, porém é essa fragilidade que sustenta a vida do mundo. O poeta é o motor e o guardião zeloso desse universo inegociável, dessa aposta interminável. Por isto o poeta, este poeta, veio para ficar, com “os três olhos do tempo” bem abertos.

Eduardo Portella, Academia Brasileira de Letras

Sobre o autor

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Eduardo Rosal (Rio de Janeiro, 1986) é doutorando em Teoria Literária, Mestre em Teoria Literária e Pós-graduado (bacharel e licenciado) em Português / Literaturas pela UFRJ. É poeta, ensaísta, revisor e antifascista. “O sol vinha descalço”, vencedor do Prêmio Maraã de Poesia, é seu livro de estreia.
 

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